terça-feira, 16 de dezembro de 2008

A saudade...

Aí está a razão por que escreverei. Desenterrarei todas as minhas recordações, porque sou uma profanadora nata. E fá-lo-ei antes que o amor que te tenho desapareça tão inelutavelmente como a maré que deixa a praia molhada, juncada de inúteis destroços, antes que a natureza implacável feche a ferida que me tiveres feito e falsifique a emoção das palavras que tivermos pronunciado. Antes que me seja preciso reabrir as cicatrizes para as fazer verter sangue, essas insensíveis cicatrizes da tristeza e da alegria. Contarei como nos amámos e como lutámos para não sermos destruídos pelos pequenos nadas da existência. E como eles nos destruíram e como nós os esquecemos. Tal como toda a gente. Porque somos, nem mais nem menos que quaisquer outros, amantes efémeros e imperfeitos num mundo eternamente inconstante.

A Colina da Saudade, An Suyin

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